Quem conhece a cena musical paraense já ouviu falar do Casarão Floresta Sonora, o estúdio onde diversos novos artistas estão produzindo seus trabalhos. Sob a direção de Leo Chermont e Dan Bordallo, recentemente o Casarão deixou de ser apenas um estúdio para se tornar um ponto de encontro e troca de experiências entre artistas, sejam eles da música ou das artes visuais. Foi dessa efervescência cultural que nasceu o festival que teve a sua primeira edição realizada na última sexta feira (16/11), uma iniciativa abraçada por todos os artistas que participam dessa cena promovida pelo espaço.
A programação era formada por músicos que passaram pelo estúdio e se uniram em colaborações inéditas no palco do Açaí Biruta, além de contar com flash tattoo e uma galeria onde parceiros da arte contemporânea local (Bender, Kambô e Bonikta) puderam expor suas obras. Chegando cedo no local pudemos ver um dos organizadores, Leo Chermont andando pelo local e comentando com a equipe: “Vai virar, vai virar!”, se referindo aos poucos ingressos vendidos antecipadamente, uma ansiedade comum e compartilhada entre os produtores culturais da cidade, e realmente “virou” na bilheteria e um público considerável se fez presente no evento.
Com apresentação do cantor Felipe Cordeiro, o festival começou em tom íntimo e familiar, demonstrando que se tratava de um projeto realizado por amigos e parceiros, inaugurando assim as atividades do Casarão fora do estúdio, transbordando sua arte para os palcos.
Inesita convida Antônio de Oliveira

Apresentando as músicas do seu EP “Cinza”, lançado no mesmo dia do festival, Inesita tocou acompanhada de Leo Chermont, com a predominância do seu baixo e dicção forte que nos fazem absorver cada palavra. Ao final convidou ao palco o cantor Antônio de Oliveira que complementou a performance com sua atitude e terminaram o show mandando um “Saravá” para mulheres e pessoas LGBTQI+, reforçando assim seus locais de fala nesse momento de resistência política.
Lucas Estrela convida Keila Gentil

Mesclando músicas dos seus dois discos, “Sal ou Moscou” (2016) e “Farol” (2017), Lucas Estrela apresentou seu show que já rodou em várias cidades e festivais no país, se firmando como um dos grandes nomes da música instrumental contemporânea. Dessa vez, Keila Gentil foi a convidada para dividir o palco e cantou algumas composições do seu repertório solo.
Uaná System convida Thais Badu

Com um show que fez todos dançarem pela pista, o duo audiovisual Uaná System, formado pelo Dj Waldo Squash e o artista visual Luan Rodrigues, botou pressão com a sua mistura de ritmos afroamazônicos com elementos de música eletrônica, tornando a experiência ainda mais holística com a série de projeções de Luan nos telões, não deixando passar em branco o momento político atual com um imenso ELE NÃO piscando em alguns momentos da apresentação. A convidada Thais Badu trouxe seu som, que também mescla sonoridades regionais, para flertar com a viagem audiovisual do duo.
Bando Mastodontes (quase) convida Eloi Iglesias

Talvez a banda (bando!) mais comentada da cidade, o Bando Mastodontes estava previsto para começar o show às 2h da manhã, e até essa hora ainda haviam pessoas chegando no evento apenas para assistir essa apresentação. O show começou e o público sabia suas letras de cor e dançavam embalados pelo batuque e camadas vocais extasiantes, uma energia que quem foi em algum show deles já conhece e quem ainda não foi, está perdendo tempo.
Infelizmente, após tocarem cerca de quatro músicas o show foi interrompido com o comunicado de que a polícia, por “ordens de segurança”, havia determinado que o evento fosse encerrado mais cedo que o previsto, deixando o público indignado e com os alertas de “cuidado ao voltar para casa, voltem juntos, não saiam sozinhos”.
A banda, que não teve tempo para tocar com o cantor Eloi Iglesias que já estava preparado para subir ao palco, relatou que não foi a primeira vez em que algo do tipo aconteceu durante um de seus shows (em maio, durante a Festa Manada, a banda foi interrompida da mesma maneira), e pode não ter sido a última, porém todos deveriam permanecer em resistência.
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Também fizemos uma cobertura com conteúdo exclusivo em vídeo, cola lá no nosso pefil do Instagram pra ver um pouco mais sobre a primeira edição do Festival Floresta Sonora, o @ é esse aqui ó: @urtigabiz
Ah, e no nosso Spotify tem uma playlist com o som de toda essa galera que tocou, saca só: